segunda-feira, 5 de maio de 2014

Distorço-me na massa de uma argila sem cor (Hilda Hilst - 1930 - 2004)

Distorço-me na massa
De uma argila sem cor.
Mil vezes me refaço
E me recrio em dor.

E pouso lentamente
Sob a testa fria
Os girassóis da mente.

Antes as órbitas vazias!
Será eterno o júbilo de ter
Espátulas e nume
Nas mãos e no ser?


Bastasse o confessar-me a assim punir-me
De toda intemperança dos humanos.
Bastasse o que não sou e o refluir-me
Longínqua na maré desordenada.

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