sexta-feira, 4 de julho de 2014

Soneto do sono (Ruy Espinheira Filho)

A tarde é tão serena que parece
vir do hálito que sobe do teu sono.
Vejo-te ir nas nuvens do abandono,
comovido de calma. A tarde desce

ao longe, sobre o mar. Mas lenta e leve,
como a exala o sonho desse sono.
E tudo, enfim, é o sopro do abandono
e o seu sussurrar na mão que escreve.

Dormes como num vôo. Como se fosse
quando o tempo era jovem. E então me sinto
pleno de mar e luz e céu — e sou

claro e soberbo por estar absorto
no abandono desse pó de estrelas
que se juntou para inventar teu corpo

Nenhum comentário:

Postar um comentário