quinta-feira, 31 de julho de 2014

Valsa para Graça (Eucanaã Ferraz - 1961)

Abra-se tudo
em grande-angular:

alas a ela, abra-se tudo
em salas que se abram

em salas abertas, salões,
e o que se fechara

antes desabroche
numa sucessão de estrelas

em pleno dia claro.
Abra-se o teto

do planetário, abra-se
o coração do fogo

e nele toda dor
torne a nada e

nada lhe resista
e por onde passe alastre

sua leveza. Alas a ela,
e que ela me leve.

Porque nela tudo parece
mover-se sobre salto

alto, sobretudo a alma,
a alma que parece calçar

a mesma sandália
que as palavras e os gestos

dela, alas
a ela, que, assim

alta,
como que vai

descalça e dançasse
sobre-além dos alarmes

e do medo, largando
na sua valsa

um rasto só de beleza.
Alas a ela.

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