segunda-feira, 11 de abril de 2011

A uma senhora natural do Rio de Janeiro (Basílio da Gama - 1740-1795)

Já, Marfiza cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Qu'inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.

Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrêlas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura
Por fôrça há de sofrer da idade os danos.
Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco, a flor dos anos.

2 comentários:

  1. Tivesse eu tempo para ler tudo...
    mais um que desconhecia:)

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  2. Muitos desses poetas e poetisas também estou conhecendo agora, na medida em que leio para postá-los no blog. Falta-me mais tempo, é verdade, mas a experiência está sendo maravilhosa...

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