quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Corrida de amor (Vicente de Carvalho - 1866-1924)

Quando partiste, em pranto, descorada
a face, o lábio trêmulo... confesso:
arrebatou-me um verdadeiro acesso
de raivosa paixão desatinada.

Ia-se nos teus olhos, minha amada,
a luz dos meus; e então, como um possesso,
quis arrojar-me atrás do trem expresso
e seguir-te correndo pela estrada...

"Nem há dificuldade que não vença
tão forte amor!" pensei. Ah! como pensa
errado o vão querer das almas ternas!

Com denodo, atirei-me sobre a linha...
Mas, ao fim de uns três passos, vi que tinha
para tão grande amor, bem curtas pernas...

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