segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Profecia (Elisa Lucinda - 1958)

Um dia eu vou rir disso tudo
vou ter saudade do medo que eu tinha de não ter dinheiro amanhã
Um dia vou ser irmã da certeza
de comer, dormir e comprar disco todo dia
e ter galinha no quintal e viver bem
Um dia, meu bem
me verás vestida de ouro
e pensarás que vou a uma festa
A festa será aquela, esta de estar em casa sem tensão
sem terceira imundície
Um dia meu irmão te direi: Não te disse?:
E serei a negra mais feliz do Brasil
Não serei imbecil
Serei sábia  e sutil na riqueza
Eu que era ovelha negra da quadrilha
vou sustentar a família
com tanta beleza
Um dia vou pôr a mesa
que o mundo guardou para mim
Patroa e empregada do meu próprio festim!

5 comentários:

  1. Patroa e empregada do meu próprio festim!

    ResponderExcluir
  2. Também gostei muito desse final, Andressa! A poetisa foi muito feliz na escolha das palavras. Obrigada pela visita!!!

    ResponderExcluir
  3. Por acaso não sou grande amante de poesia e gostei deste.

    ResponderExcluir
  4. Seja bem vinda aqui, Miss Murder! Quem sabe até você vira "amante" de poesia também?

    ResponderExcluir
  5. Não gosto de ser repetitiva mas fico com esse fina "Patroa e empregada do meu própio festim"

    ResponderExcluir