sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Epigrama (Xavier de Novaes - 1820 - 1869)

Um rico velho avarento,
já bem perto d'expirar,
para fazer testamento
manda o tabelião chamar.

Com timbre de voz roufenho
diz o velho a suspirar:
"Deixo tudo quanto tenho..."
E não podia acabar.

O tabelião cansado
de seu tempo em vão gastar,
tendo escrito, diz, zangado:
"E o resto?... Queira ditar!"

"Deixo tudo quanto tenho..."
- o velho torna, a chorar -
pára um pouco e diz, roufenho:
"porque o não posso levar".

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