domingo, 11 de dezembro de 2011

Salvas fúnebres (João de Deus - 1830-1896)

Ditosa de uma augusta personagem,
que em exalando o último suspiro,
de quarto em quarto de hora ouve-se um tiro,
o que é de uma grandíssima vantagem.

Nós cá temos no luto outra linguagem,
que é o pranto, o silêncio e o retiro;
eles, tiros de peça! Não me admiro;
são pessoas de altíssima linhagem!

São pessoas reais; os mais, abortos
em que os cavalos do seu coche encalham,
e eles vão indo estáticos, absortos...

Não se lhes dá das lástimas que espalham,
e muito menos que, depois de mortos,
quebrem o sono os pobres que trabalham.

2 comentários:

  1. Prezada Maíra,

    Sua seleta de textos é soberba. Gerou em mim um delicioso sentimento de pertencimento e proximidade. Um abraço.

    Pedro Gabriel
    www.lituraterre.com

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  2. Obrigada pela visita, Pedro Gabriel! Que bom que gostou do espaço aqui. E volte sempre!!!

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