quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Perguntas ao silêncio (Felipe Fortuna - 1963)

O silêncio tem rotação?
E é rotação que se perceba,
ou mera pulsação da seda
que nenhum corpo quer tecer?

Como pode o silêncio ter,
por vezes, o calor da reza
- que, morno, pouco a pouco embaça
os vidros frágeis de quem fala?

Pois - o silêncio é ter certeza?
É prisma por onde uma luz
desnuda sem qualquer pudor
o segredo de fazer sombras?

E que silêncio é mais exato?
O resignado, de quem morre,
o silêncio de quem respira,
ou aquele que, não desfeito,
torna suspeito o mundo inteiro?

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