sábado, 21 de janeiro de 2012

Sósia (Elisa Lucinda - 1958)

Mas que desagradável mania tem a humanidade
de se tornar subitamente parecida com o amor da gente:
Todos roubam a cara e os particulares sinais
do amor que a gente espera
do amor que a gente erra.
De tanto confundi-lo de longe na rua
vou mamando a poesia desse equívoco
como quem menstrua em lugar de filhos.
A saudade arma um circo onde palhaços e garis
têm cara do com quem eu seria feliz.
Diante do meu nariz, vou jurando que é ele
Cada rosto, cada passo, cada traço
vou jurando que é dele
e me enganando nas ruas
bebendo nesse diapasão
de uma perigosa e destilada bebida
que se toma de ilusão.

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