segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Claro (Florisvaldo Mattos - 1932)

Pelas tardes de fogo homens
pedras movem com capacetes
de sombra mergulhados
em ruas de verão e sal.

Nada me diz que as coisas
se passam como me dizem
além
da parede de vidro que nos divide
aquém
das algemas de sono que nos unem.

Sou como posso fiel
a meu projeto mesmo
que de pronto não o achem
meus olhos - anônimos
minhas mãos - rachadas
meus lábios - rebeldes

nos espaços burocráticos
nas relações de amizade
nos desertos duros da fome.

Liberdade é meu ser
e tempo. É o meu nome.
Razão - o meu sobrenome.

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