quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

No cárcere (Olavo Bilac - 1865 - 1918)

Por que hei-de, em tudo quanto vejo, vê-la?
Por que hei-de eterna assim reproduzida?
Vê-la na água do mar, na luz da estrela,
Na nuvem de ouro e na palmeira erguida?

Fosse possível ser a imagem dela,
Depois de tantas mágoas esquecida!...
Pois acaso será, para esquecê-la,
Mister e força que me deixe a vida?

Negra lembrança do passado! lento
Martírio, lento e atroz! Por que não há-de
Ser dado a toda mágoa o esquecimento?

Por que? Quem me encadeia sem piedade
No cárcere sem luz deste tormento,
Com os pesados grilhões desta saudade?

Um comentário: