segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Que Deus guarde meu pai (Antonio Brasileiro - 1944)

Não passar. Ficar para semente.

Não era isso que meu pai queria?
Sentava-se na rede e adormecia
julgando ter domado a dama ausente.

E sonhava talvez. Talvez menino
montando burros bravos, nu, ao vento;
um homem é a sua ação sobre o destino.

Meu pai então fazia um movimento
e a rede, a adormecer, estremecia:
pequenos sustos no tempo, era só isto.

E escancarava os olhos duramente,
para mostrar que se Ela o procurava
era de cara a cara que a encarava.

Que Deus guarde meu pai. Eternamente.

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