quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ricochete (Alberto da Cunha Melo - 1942 - 2007)

Sabei que o poema saiu
há poucos séculos de mim
e, sob as gaivotas da tarde,
alguém o leu e o amou.

Quem terá sido? - Não importam
o rosto que tenho e o que não tenho
mas a palavra toda cheia
de sua força e sua paz.

Se houve o choro, não me cabe
desculpá-lo em noite nenhuma
e já existia nesse estranho
que há nos outros e me pertence

E o movimento do vazio
modificando, não fui eu:
é o vento que bate em mim
e faz chorar o homem na praça.

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