terça-feira, 27 de março de 2012

Reinvenção (Cecília Meireles - 1901 - 1964)

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

2 comentários:

  1. Mas a vida, a vida, a vida,
    a vida só é possível
    reinventada.

    Precisa dizer mais alguma coisa? Me lembrou uma entrevista do Chico em que falava sobre o amor de uma pessoa para outra, e era "pq era ela, pq era eu". A vida tbm é dessas coisas que comporta definições simples, isso que se reiventa e que a cada segundo a gte reiventa.

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  2. Nem sei se precisava dizer mais alguma coisa :-)))

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