sábado, 12 de maio de 2012

navegações (3) (Geraldo Carneiro - 1952)

a vida me conduz ou vice-versa,
não me interessa quem é o provedor
do meu caminho,
se alguma parte de mim parte ou fica.
sei que há sempre uma impressão
                                            de chegada
e de partida,
que a minha dor não encontrou o espelho
em que mirasse a própria face.
tudo que vivo sempre me ultrapassa,
e vou me desvendando passageiro.
o que restar de mim será uma flor,
a promessa desfeita de um amor
que era menor do que sonhei,
meu reinado desfeito feito pó
e só na solidão serei meu rei.

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