domingo, 13 de maio de 2012

Poemenina dos olhos (Elisa Lucinda - 1958)

É claro que ando pelas ruas
e que há mirada nisso enquanto isso.
Na carona do meu rosto
na aba do meu gosto
vão os olhos de poeta
os olhos que acordam meu dia
são de poeta
os que sonham meus sonhos
são de poeta
os que se enfiam nas entrevistas
dos coletivos
são de poeta
os que desenham ilusões
e fazem outros planos
são, todos são, tudo são.
Meu erro, meu nervo, meu tesão
funciona poesia sem decidir isso.
Esse olhar que habita meus olhos
nesta mania de chegar antes de mim
e do meu corpo, a todos os lugares,
é seguramente de poeta.
Condenado ao verso
como um fiscal da lida
impeço que a vida passe
como se pudesse não ser percebida.

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