sexta-feira, 22 de junho de 2012

Solitudo (Olavo Bilac - 1865 - 1918)

Já que te é grato o sofrimento alheio,
Vai! Não fique em minh'alma nem um traço,
Nem um vestígio teu! Por todo o espaço
Se estenda o luto carregado e feio.

Turvem-se os largos céus... No leito escasso
Dos rios a água seque... E eu tenha o seio
Como um deserto pavoroso, cheio
De horrores, sem sinal de humano passo...

Vão-se as aves e as flores juntamente
Contigo... Torre o sol a verde alfombra,
A areia envolta a solidão inteira...

E só fiquem em meu peito o Saara ardente
Sem um oásis, sem a esquiva sombra
De uma isolada e trêmula palmeira!

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