quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Equinócio ou a procura da poesia (José Leite Netto - 1973)

ando noites procurando versos pelo chão
rebuscando no mar estrelas de papel
ando sol obscuro signo feito doido cão
reinventando línguas e tumultos e babel

navegando-me rios de mim e sempre adeus
silêncio desatento e tarde despencando
um sem sentido parede nua escrevo aos meus
the raven poema negro que Poe foi cantando

mas sou tudo aquilo uma dor que se rejeita
um lance de dados, enigma visto pela janela
bares ou grafias em um borrão que me aceita
e côncavo o céu está para mim feito pra ela
na chuva o horizonte é desespero e adagas
equinócio de surpresas sem tuas chagas.

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