quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Suposto soneto à Fortaleza (José Leite Netto - 1973)

não quero deixar no mar nada do que sinto
nada entendimento de mim solidão e tempo
alegro-me por vezes entristeço e minto
qual ébrio sem vinho Baco talvez sem templo

mas ela velocidade cotidiana e pranto
lilás seu nome amor cidade mistério
Fortaleza oculta sob cem pedras e manto
onde se esmolam vinténs e cemitério

e dorme feito anjo sonho de mil desejos
o filho distante perto de Cícero foge da cruz
crucifixos e asfalto, lixo e gracejos

e querendo fé um sonho que nos conduz
ondula melodia verdes-mares e mar
onírica louca alma muitas por amar.

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