domingo, 9 de setembro de 2012

Senso sem direção (Goimar Dantas - 1972)

Eu me desdobro: origâmica.
E me azulejo: cerâmica.
Escorro em lava: vulcânica - sobre você.
E então me vejo: reflexo.
Um Rio Tejo em seu fluxo,
cujo desejo profundo é se misturar ao mar.
Um oceano nostálgico
de águas salgadas, febris.
E correntezas incertas.
Ondas gigantes e hostis.
E ainda assim eu me entrego.
Submergindo, me enredo:
sereia plena, feliz.
Espécie de néctar, fruta:
pra sorver absoluta
na boca da sua noite.
Sumo para suar em febre
e entranhar em sua pele:
esse horizonte, fronteira.
Penhasco, abismo, ladeira.
Avesso do meu direito,
onde espero me perder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário