quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Assim como não podemos (Roberto Juarroz - 1925 - 1995)

Assim como não podemos
sustentar por muito tempo um olhar,
tampouco podemos sustentar por muito tempo a alegria,
a espiral do amor,
a gratuidade do pensamento,
a terra em suspensão do cântico.

Não podemos nem sequer sustentar por muito tempo
as proporções do silêncio
quando algo o visita.
E menos ainda
quando nada o visita.

O homem não pode sustentar por muito tempo o homem,
nem tampouco o que não é o homem.

E ainda assim pode
suportar o peso inexorável
do que não existe.

* Poema traduzido por Pedro Gonzaga

Nenhum comentário:

Postar um comentário