sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Romântico (Eucanaã Ferraz - 1961)

Amar noutro mundo
que não este.
Poder equilibrar – perfeito –
um prato sobre um alfinete.
Equilibrar um livro, uma casa,
sobre um alfinete.
Outro mundo. Sua maquete:
palavra e cavalete.
Outro: este, mas
em falsete. Sete vezes
mais belo, mil mais leve.
Setecentos o mesmo gesto – amar –
e, no entanto, não se complete.
Um rio que se repetisse,
um Tibete ameno, translúcido – e seu fundo,
em que não se chegasse,
era jamais a morte.

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