quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Beijos do céu (Alberto de Oliveira - 1859 - 1937)

Sonhei-te assim, ó minha amante, um dia:
- Vi-te no céu; e, enamoradamente,
de beijos, a falange resplendente
dos serafins, teu corpo inteiro ungia...

Santos e anjos beijavam-te... Eu bem via,
beijavam todos o teu lábio ardente;
e, beijando-te, o próprio Onipotente,
o próprio Deus nos braços te cingia!

Nisto, o ciúme - fera que eu não domo -
despertou-me do sonho; repentino
vi-te a dormir tão plácida a meu lado...

E beijei-te também, beijei-te..., e, ai! como
achei doce o teu lábio purpurino,
tantas vezes assim no céu beijado!

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