terça-feira, 6 de novembro de 2012

Essa estranha (Diego Grando - 1981)

A voz dela quando acordo
é acorde num piano só de teclas pretas.
Seu rosto, pelo meio-dia
faz algo enviesado e novo
como se os olhos enxergando
daltônicos por lentes de cubismo.
À tarde as mãos
se estou prostrado porque a vida é desperdício
repousam nos meus ombros e são outras
mãos - são duas mãos esquerdas?
E seu humor durante o pôr do sol
é réplica da linha do horizonte.
Também se noite alta ou madrugada
ao revolver-se em sonho entre lençóis
o inédito me vem pelas narinas
e mesmo enquanto não está por perto
por certo algum indício há que a torna
indescritivelmente a mesma.

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