sábado, 22 de dezembro de 2012

Os impenetráveis (Thiago de Mello - 1926)

Quero confessar, penalizado,
e como palavras brandas,
que não consigo entender
por mais que leia e releia
as palavras impenetráveis
dispostas em forma de verso
que deram de aparecer.
Textos, que se querem poemas,
construídos com o ostensivo empenho
de não permitir acesso
ao leitor comum de poesia,
que não possui as claves secretas
para a tradução da linguagem cifrada.

O texto me desafia:
quero ver se me adivinhas.
As palavras são mudas, ocas,
de nervos dissecados,
os olhos vendados
medrosos da emoção.

Um comentário: