domingo, 27 de janeiro de 2013

o não quixote (Geraldo Carneiro - 1952)

a raça humana sempre me agradou,
embora não me agradem seus costumes.
gosto do ser humano sem a armadura
dos conceitos de como proceder,
como sorver o céu o sal a mulher amada.
sou sempre desconforme as circunstâncias.
um sopro me conduz embriagado
sob a luz das lâmpadas que se acendem
no interior das pessoas.
quando não se acendem, sou a treva,
me atrevo a navegar o mar escuro
entre a demência e a melancolia
até que me atraco no cais de um verso,
elejo alguma deusa que me abrigue,
faço da utopia minha lança
com que me lanço contra todos os moinhos,
mesmo sabendo que serei desfeito
e devolvido à poeira do universo.

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