sábado, 20 de abril de 2013

O morno resplendor (Thiago de Mello - 1926)

Longe de ti, me freqüento
o coração estrelado.
A madrugada é sonora.
Canto o teu dorso.

Não estás comigo, te ouço.
Distante das minhas mãos
afago a tua lembrança.
És o meu rio.

O resplendor que se alteia
dos teus movimentos mornos,
na tua ausência se inflama:
suave o teu pescoço.

Esta mão que me escreve
se estreme porque guarda
um palor de madrepérola:
tua pele se arrepia.

Pela prenda delicada
da vida, que te fez minha,
sonho a certeza do fim:
sejas tu perto de mim.

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