sexta-feira, 19 de abril de 2013

Naquela casa azul e avarandada (Hilda Hilst - 1930 - 2004)

Naquela casa azul e avarandada
As mulheres fiavam como irmãs.
Se eram de um mesmo pai as maduradas,
A que foi mãe, amou. Memórias vãs.

De todas em amor o pai cuidava
Repartindo suas terras e suas lãs.
E a que pariu em dor, a mais amada
Vigia sob a terra as tecelãs.

Se ao longo do meu rio, nos arrozais,
Avistardes a casa e as mulheres
(Dedos de azul em luz sobre o teor)

Que o passo seja breve. E muito mais
É dizer-vos que tecem malmequeres
E em vão se aquecem sob o vosso olhar.

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