segunda-feira, 13 de maio de 2013

Matilde, onde estás? (Pablo Neruda - 1904 - 1973)

Matilde, onde estás? Notei, em baixo,
entre a gravata e o coração, e em cima,
certa melancolia intercostal:
é que tu estavas, de súbito, ausente.

Fez-me falta a luz da tua energia
e olhei devorando a esperança,
olhei o vazio que é uma casa sem ti,
ficam apenas trágicas janelas.

De puro taciturno o teto ouve
cair antigas chuvas desfolhadas,
plumas, o que a noite aprisionou:

e assim te espero como casa abandonada
e tornarás a ver-me e a habitar-me.
De outro modo as janelas me entristecem.

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