sexta-feira, 12 de julho de 2013

Canção estatuária (Ivan Junqueira - 1934)

Severa e pura
pedra escultura
o tempo dura
em tuas curvas

Sulco após sulco
ângulo cunha
toda te aguças
seca nervura

Te acuam musgo
farpa de chuva
branco de bruma
penumbra inútil

Mas nada suja
nem subjuga
na pedra abrupta
tu mesma nua

E que tumulto
em tua postura
tão tumba nunca
mas dentro júbilo

Mais dentro tu
tua gula surda
do que é transcurso
e se transmuda

Assim perduras
infanta fúnebre
pois é defunta
que vens a lume

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