sábado, 24 de agosto de 2013

Acostuma-te a ver atrás de mim a sombra (Pablo Neruda - 1904 - 1973)

Acostuma-te a ver atrás de mim a sombra
e que as tuas mãos saiam do rancor, transparentes,
como se na manhã do mar fossem criadas:
o sal deu-te, meu amor, proporção cristalina.

A inveja sofre, morre, esgota-se com meu canto.
Um a um agonizam seus tristes capitães.
Digo amor, e o mundo povoa-se de pombas.
Cada sílaba minha traz a Primavera.

Então tu, minha flor, meu coração, bem-amada,
és nos meus olhos como a folhagem
do céu, e vejo-te reclinada na terra.

Vejo o sol transportar cachos para o teu rosto,
olhando para o alto reconheço os teus passos.
Matilde, bem-amada, diadema, bem-vinda!

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