caía a tarde afro nos olhos bruxa de Afrodite
na rua do desterro Adônis que ali morria
enquanto o desespero da saxífraga rompia
a solidão tenaz da rocha no asfalto
adagas onde o corpo morto apontava
sinal vermelho num mar de sonho abandonado
feito fúnebre hieróglifo encontrado
enigma velho: clarins rosa naufrágio
e amor que havia de ser correnteza calma
dorme sujo na esquina, morre na calçada
farrapos de deuses, gente não amada
dor que só a dor de um beijo solto do limbo
é restinho de vinho pigmentando flores
taça onde tudo é vida cálice de dores.
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