terça-feira, 24 de setembro de 2013

Antianalgésica (Alexandre Pilati - 1976)

a aguda dor das coisas
não é água, meu camarada

dói dia-a-dia agora
na ida e na vinda

do seu diafragma
e também adia-se

para amanhã
como o trabalho

do moço com pele de árvore
que vai varrendo as ruas

a dor das coisas
late latente marca

de dedos sujos
com crime ou sonatas

imemoriais pegadas
da humana vida

sério ciclo em roda
de bicicleta ou engrenagem

gasta, gasta, gasta
como cotidianamente

teus dentes vão sumindo
em contato que o que te alimenta

e a dor é deus
entrando em ti

sem licença
sem censura ou vaselina

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