sábado, 15 de fevereiro de 2014

Martelo (Ascenso Ferreira - 1895 - 1965)

Teu corpo é branquinho como a polpa do ingá maduro!
Teu seio é macio como a polpa do ingá maduro!
- E há doçura de grã-fina no teu beijo, que é todo ingá...
- E há doçura de grã-fina no teu beijo, que é todo ingá...
Por isso mesmo,
Minha Maria,
Eu, como a abelha
do aripuá
pra quem doçura
é sempre pouca,
só quero o favo
de tua boca...
Há veludos de imbaúba nessas redes de teus olhos,
que convidam, preguiçosas, a gente para o descanso,
um descanso à beira-rio como o ingazeiro nos dá!
Por isso mesmo,
Minha Maria,
de noite e dia
nessa corrida
triste de ganso,
para descanso
e gozos meus,
só quero a rede
dos olhos teus!
Só quero a rede macia dos teus olhos!
Só quero a doçura de grã-fina do teu beijo...!
E na rede eu me deito,
cochilo e descanso,
tenho um sono manso
que me faz sonhar...
Sonho que és ingá
de doçura louca,
que na minha boca
vem se desmanchar,
que na minha boca
vem se desmanchar...

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