quarta-feira, 30 de abril de 2014

Montaigne (Claudio Daniel - 1962)

Acende a cor mediterrânea,
música para o latim.
Depois, rabisca um seio
de Medusa, inchado
na ponta da teta.
Lições de esgrima, para o jovem
nobre; e o calor da sela,
em dorso de cavalo escuro.
Seigneur, de afilado
traço (hebreu) de Ibéria,
bateu lâmina em lâmina
vencida, amou o jogo,
as damas e o amigo morto.
Foi diplomata, leitor
de Sêneca e Plutarco;
soube que o Esclesiastes
era um códice grego,
algo mais que escritura.
Estóico, serenou paixões,
recusou trovão e tumulto:
viu que a história
da miséria humana
é uma parcela do possível.
E soube em sua pele,
em seu sangue, filosofar
é aprendizado da morte.

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