quinta-feira, 10 de abril de 2014

Suave, surdo, cego (Thiago de Mello - 1926)

Quando morto, me prefiro
coisa suave, surda, cega.
Suave como a minha mão
procurando a tua mão.
Surda como o âmago
das rochas milenárias.
Cega como cegos são
os peixes que lerdos passeiam
nas profundezas das águas.
Deslembrado de tudo, sobretudo
do meu passo cambaio pelo mundo
onde andei de tropeços com meu sonho.

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