domingo, 27 de março de 2011
O caminho do morro (Alberto de Oliveira - 1859-1937)
Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,
Até lhe ir esbarrar com as orlas do terrreiro;
Dava-lhe o doce ingá, rachado ao sol, o cheiro,
E um rumor de maré o cafezal vizinho.
Quanta vez o subi, buscando a um guaxe o ninho,
Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,
Para voar num balanço, embaixo, o dia inteiro,
E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!
De setembro até março a colcha de flores
Tapetava-o. Reluz-lhe em poças de água o céu;
Das folhas sobre o saibro os orvalhos escorrem...
Mas morreram na casa, em cima, os moradores,
Morreu, caindo, a casa, o moinho morreu,
O caminho morreu... Até os caminhos morrem!
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A morte de um caminho é sempre a indicação de outro a ser seguido. Como as sementes, precisa morrer para germinar.
ResponderExcluirLindo poema, parabéns!
Taí uma verdade: a morte de um caminho leva a milhares de outros. E liberta.
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