Terei parte com o demônio
ou será que apenas sonho
o que os outros, além do sono,
jamais enxergaram na sombra?
Seria um acordo anônimo
com o mal, o horror, o assombro?
Seria o quê? Não suponho,
mas sinto em meus neurônios.
Essa harmonia redonda,
de que se gabam os geômetras,
não seria antes sintoma
do conflito entre os antônimos?
Não haverá na hecatombe
algo de lúdico e hedônico,
uma ordem que, por atônita,
nos dê a medida dos homem?
Deu-me Deus dois olhos nômades
com que vejo o que me ronda:
um traz o pélago à tona;
outro, o que escondem os biombos.
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