Vai-te, fera cruel, vai-te, inimiga,
horror do mundo, escândalo da gente,
que um férreo peito, uma alma que não sente,
não merece a paixão que me afadiga.
O Céu te falte, a Terra te persiga,
negras fúrias o Inferno te apresente,
e da baça tristeza o voraz dente
morda o vil coração que amor não liga.
Disfarçados, mortíferos venenos,
entre licor suave em áurea taça,
mão vingativa te prepare ao menos;
e seja, seja tal a tua desgraça,
que ainda por mais leves, mais pequenos,
os meus tormentos invejar te faça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário