domingo, 1 de julho de 2012

Quem de meus versos a lição procura (Correia Garção - 1724 - 1772)

Quem de meus versos a lição procura,
os farpões nunca viu de amor insano,
nem sabe quanto custa um vil engano
traçado pela mão da formosura.

Se o peito não tiver de rocha dura,
fuja de ouvir contra tamanho dano,
que a desabrida voz do desengano,
o mais firme semblante desfigura.

Olhe, que há de chorar, vendo patente
em tão funesta, e lagrimosa cena
o cadafalso infame, e sanguinoso.

Verá levado à morte um inocente:
e condenado à vergonhosa pena
o mais fiel amor, mais generoso.

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