domingo, 31 de março de 2013

Como se comprimisses a mão (Hilda Hilst - 1930 - 2004)

Como se comprimisses a mão
Sobre os teus olhos
E visses tua candura
Simplesmente igual a uma grande massa escura,
Como quem vê de dentro
A princípio não vendo
E aos poucos distinguindo
O sangue, o filamento, o sal da sua própria estrutura

Assim posso me ver agora.

Parte de mim
Estilhaça uma asa num círculo de ferro.
Parte de mim é um arcabouço raro.
E o que vem de ti (uma parte de mim)
São aqueles meninos
E as aves com seus corpos finos
Sobre um lago de ledas asperezas.

Sou descanso e rudeza.

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