terça-feira, 19 de julho de 2011

dissonância (Geraldo Carneiro - 1952)

depois do dia em que você morreu
(ou só morreu aqui dentro de mim)
enlouqueci, fiquei fora de si,
exorbitei, gastei exorbitâncias,
as ânsias do passado e do futuro.
em suma, eu me matei ou me morri
depois ressucitei e recitei
meus paradoxos, minhas paralaxes,
perdi a fé, o centro, o astro rei
os para-lamas da minha sintaxe,
só me restando como contraforte
o dom de me entranhar noutras criaturas
e fabricar fragmentos de poesia,
eu kamikase de mim mesmo
extravagando a esmo à-toa ao léu
sem direção, sem coração, sem lua
desorbitado para além de mim.

Um comentário:

  1. Amiga avatar,

    Uma homenagem para você no Blog pelo Dia do Amigo (18 de abril no Brasil, 20 de julho no mundo):

    http://michele-dos-santos.blogspot.com/2011/07/amigos.html

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