terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A arte de amar (Gilberto Mendonça Teles - 1931)

Abro o espaço da fome e me abasteço
das coisas mais comuns.
Sou trivial e sóbrio, mas faminto.
Amo o jogo das tripas e dos tropos
e todo dia exercito a competência
da língua retorcida como um búzio
nas vésperas da posse.

E sete vezes sete (e mais a conta
dos números do mito) arremeti
meus dardos contra os muros
dessa tebas morena de mil olhos.

E sete vezes sete (e mais o fôlego
dos gatos guturais) recomecei
o gesto natural da minha flauta
que a chuva modulava no alicerce,
como a canção de amor que principiava
pelas curvas dos ventres nos espelhos.

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