Os dias despencam
aos pedaços. Logo será janeiro.
Posso farejar o amarelo das amendoeiras
de então (amarelas como teu cabelo)
e a praia, os bares, a ferrugem, nossas costas
e braços liquefeitos. Tanto faz a solidão,
a companhia: tudo são doenças tropicais,
incuráveis. O verão virá, forasteiro,
no vôo tonto, nupcial dos cupins
em volta das lâmpadas. Janeiro
está próximo, pressinto seu peso, a alegria,
o tremor, a sezão, o óleo,
a girândola veloz dos relógios
a nos golpear no ventre. Girassóis
em bando assestarão suas lâminas
em direção aos táxis
enquanto os rios, erráticos, desaguarão
à porta dos edifícios da Senador Vergueiro.
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